Lavagem de dinheiro e casas de apostas: os próximos capítulos da investigação sobre Deolane Bezerra e Gusttavo Lima entenda os desdobramentos e a complexidade do caso
A Operação Integration, que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo casas de apostas online, entrou em uma nova fase. A operação, conduzida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e pela Polícia Civil, busca esclarecer as movimentações financeiras de diversas personalidades, incluindo a influenciadora Deolane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima. Nos últimos dias, o caso foi marcado por reviravoltas, especialmente em decisões judiciais que afetaram a situação dos investigados.
Na última terça-feira (24), o MPPE devolveu o inquérito à Polícia Civil, solicitando novas diligências para complementar a investigação. Além disso, foi requisitada a substituição das prisões preventivas por outras medidas cautelares, permitindo que alguns dos investigados fossem liberados. Entre eles estão Deolane Bezerra e sua mãe, Solange Bezerra, que foram beneficiadas por um habeas corpus. O cantor Gusttavo Lima também teve sua prisão preventiva revogada na mesma data.
De acordo com Durval Lins, professor de Direito Penal e Processual Penal, a polícia deverá retomar as investigações assim que o MPPE detalhar as novas diligências a serem feitas. Lins explicou que a juíza responsável pelo caso, Andréa Calado da Cruz, poderá pedir ao MPPE que especifique quais investigações adicionais são necessárias antes de dar continuidade ao processo. A juíza já havia se manifestado sobre a necessidade das prisões, mas manteve sua posição de que novas diligências são essenciais para o andamento do caso.
Na análise do especialista, dois processos distintos estão em andamento. O primeiro refere-se ao inquérito policial, que está sob análise da 12ª Vara Criminal do Recife, conduzida pela juíza Andréa Calado da Cruz. O segundo processo é relacionado aos pedidos de habeas corpus, que foram julgados pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
Em relação ao inquérito, a juíza já recebeu o relatório da Polícia Civil e solicitou o parecer do Ministério Público. No entanto, ela discordou da recomendação do MPPE de substituir as prisões preventivas, optando por manter a prisão de Gusttavo Lima, uma decisão posteriormente revertida pelo desembargador Guilliod Maranhão. Essa série de decisões judiciais tem mostrado divergências entre as diferentes instâncias do caso, criando um cenário complexo para o desenrolar das investigações.
O professor Durval Lins destacou que, devido à complexidade e à magnitude do caso, é improvável que a investigação seja concluída rapidamente. Ele estima que o prazo para a realização de todas as diligências necessárias pode ser estendido por até 120 dias. Além disso, questões de sigilo bancário e a grande quantidade de envolvidos tornam o processo ainda mais desafiador para as autoridades.
Um dos principais pontos de divergência entre as autoridades judiciais diz respeito à necessidade de prisão preventiva dos investigados. Lins questiona se a prisão seria realmente necessária para aqueles que têm ocupações lícitas e endereço fixo, especialmente em crimes que não envolvem violência ou ameaça. A principal acusação envolve a lavagem de dinheiro, e há quem defenda que a indisponibilidade dos bens e a restrição de propaganda de casas de apostas seriam medidas suficientes para garantir a integridade da investigação.
A cronologia do caso remonta a julho deste ano, quando Deolane Bezerra fundou sua empresa de apostas, Zeroumbet, com um capital de R$ 30 milhões. Em setembro, ela foi presa durante a Operação Integration, sob a acusação de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou cerca de R$ 3 bilhões provenientes de jogos de azar. O bloqueio de bens de Deolane e sua empresa foi decretado, somando R$ 34 milhões.
Durante o depoimento, Deolane revelou a compra de um carro de luxo por R$ 3,85 milhões, adquirido de Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes da Sorte, também investigado na operação. A Polícia Civil acredita que as transações financeiras envolvendo a compra e venda de carros de luxo levantam fortes indícios de lavagem de dinheiro oriundo de atividades ilegais.
Em suas redes sociais, após ser solta por um habeas corpus, Deolane Bezerra afirmou estar sendo vítima de uma grande injustiça e preconceito, destacando que sua família também está sofrendo com as ações da polícia. Além de Deolane, diversas outras pessoas foram presas, incluindo o empresário Darwin Henrique e sua esposa, Maria Eduarda Filizola.
O próximo passo da investigação envolve novas diligências e o bloqueio de mais bens e ativos financeiros, totalizando R$ 3 bilhões, conforme solicitado pela Polícia Civil. No entanto, a sequência de decisões judiciais nos últimos dias, como a revogação da prisão de Gusttavo Lima e o habeas corpus concedido a Deolane, trouxe incertezas sobre os rumos que o caso tomará nas próximas semanas.